A ascensão do comércio eletrônico

Nos últimos anos, o comércio eletrônico deixou de ser uma tendência futura para se tornar um pilar essencial da economia global. Segundo a ABComm, o e‑commerce faturou R$ 204,3 bilhões no Brasil em 2024, um salto impulsionado pela transformação digital, mudanças no comportamento do consumidor e avanços logísticos e tecnológicos.

Para pequenos empreendedores, o ambiente digital oferece algo precioso: acesso direto ao mercado, sem necessidade de grandes estruturas físicas. Mas para entrar com consistência nesse universo, é fundamental entender o que é e-commerce e quais são seus principais modelos.


O que é e-commerce?

E-commerce, ou comércio eletrônico, é a venda de produtos ou serviços realizada por meio de plataformas digitais. Pode ocorrer via sites próprios, marketplaces, redes sociais ou aplicativos. Mais do que uma loja online, o e-commerce representa uma nova lógica de negócios, marcada por escalabilidade, automação e integração entre canais.

Philip Kotler já observava que o marketing digital não substitui o marketing tradicional, mas amplia seu alcance e agilidade. No e-commerce, essa ampliação se torna prática: um pequeno produtor ou fabricante pode vender para o país inteiro com a mesma estrutura com que vende apenas no bairro.


A lógica estratégica por trás dos tipos de e-commerce

Peter Drucker já dizia que “o objetivo do marketing é tornar a venda supérflua”, ou seja, criar uma oferta tão bem direcionada ao cliente que ela praticamente se vende sozinha. Aplicado ao e-commerce, isso significa escolher o modelo mais coerente com a proposta de valor, canais, segmento-alvo e estrutura operacional.

Vamos analisar cada modelo sob essa ótica:


B2C (Business to Consumer)

Este é o modelo mais competitivo, pois tem baixas barreiras de entrada e grande volume de concorrentes, o que tende a pressionar margens. Por outro lado, oferece alta escalabilidade, desde que haja investimento contínuo em tráfego pago, SEO e funis de conversão.

Pontos estratégicos:

  • Exige forte competência em marketing digital (Google Ads, Meta Ads, inbound).

  • Margem depende da eficiência logística e do custo de aquisição de clientes (CAC).

  • Ideal para produtos com diferenciação clara ou apelo emocional forte.


B2B (Business to Business)

Neste modelo, o diferencial não é o volume, mas a recorrência, o ticket médio elevado e a fidelização. A jornada de compra é mais longa, e o processo decisório envolve múltiplos stakeholders — o que demanda CRM estruturado e abordagem consultiva.

Pontos estratégicos:

  • Prioriza relacionamento, confiança e personalização de soluções.

  • Exige integração com ERP, negociação por contrato e suporte técnico.

  • Ideal para produtos de uso contínuo, revenda ou componentes industriais.


C2C (Consumer to Consumer)

Modelo descentralizado, em que a plataforma apenas intermedeia transações entre pessoas físicas. Seu valor está na liquidez do mercado (número de compradores vs. vendedores) e na facilidade de uso.

Pontos estratégicos:

  • Boa opção para quem quer testar aceitação de produto sem alto investimento.

  • Baixa previsibilidade, já que depende de demanda espontânea e giro de estoque.

  • Ideal como entrada para microempreendedores ou projetos experimentais (MVPs).


D2C (Direct to Consumer)

Esse modelo coloca a marca no centro da experiência digital. Ao eliminar intermediários, o empreendedor ganha margem, dados do cliente e controle da jornada — mas assume o ônus de atrair tráfego e construir autoridade.

Pontos estratégicos:

  • Requer posicionamento de marca claro e storytelling de alto impacto.

  • Estratégia de longo prazo, baseada em branding, comunidade e fidelização.

  • Ideal para marcas que desejam capturar valor e não apenas vender produtos.


Marketplace

Funciona como um canal de distribuição terceirizado. A plataforma concentra audiência, meios de pagamento e tráfego, cobrando uma comissão pela exposição e vendas. É eficaz para ganhar escala rapidamente, mas limita diferenciação e margem.

Pontos estratégicos:

  • Excelente canal de entrada, mas risco de comoditização e dependência da plataforma.

  • Baixo custo inicial de entrada, apesar de um alto percentual de custo sobre o produto vendido e alta competição baseada em preço e reputação.

  • Ideal para testar produtos com alta demanda e apelo de massa.


Dropshipping e White Label

Dropshipping:

  • Muito usado por iniciantes por dispensar estoque e logística própria.

  • Modelo altamente volátil, com margens pequenas, prazos longos e pouco controle da experiência.

  • Exige domínio de marketing digital e sourcing confiável de fornecedores.

White Label:

  • Permite vender produtos padronizados com sua marca, gerando percepção de exclusividade.

  • Necessita de investimento em embalagem, branding e pós-venda.

  • Modelo intermediário entre fabricação própria e revenda pura.


Como escolher o modelo ideal para seu negócio

Não existe um tipo de e-commerce melhor que outro, existe aquele mais alinhado à sua proposta de valor, capacidade operacional e estratégia de marca.

Considere:

  • Quem é seu cliente ideal? Pessoa física ou empresa?

  • Você quer controle total da experiência ou vender por volume?

  • Tem estrutura de marketing própria ou vai depender de parceiros?

  • Quer construir marca ou aproveitar audiência pronta de marketplaces?

Por exemplo: uma artesã pode começar no Elo7 (C2C/Marketplace), depois criar sua própria loja virtual D2C na Plataforma Nuvemshop para vender com sua identidade e maior margem. Se for uma marca de moda feminina, pode ser mais interessante vender diretamente através das redes sociais ou da sua loja virtual própria, devido à ampla concorrência do produto e à alta relevância de ter que trabalhar o posicionamento de marca para que ocorram conversões.


5. Tendências atuais no comércio eletrônico

Para pequenos empreendedores atentos ao futuro, vale observar:

  • Social Commerce: vender diretamente por redes como Instagram, TikTok e Whatsapp.

  • Live Commerce: transmissões ao vivo com vendas em tempo real.

  • Omnichannel: com muitas possibilidades de integração entre os canais online e o meio físico, podendo ficar evidente com a integração entre loja física e a loja virtual como na retirada de um pedido na loja física de uma compra feita online.

  • E-commerce com IA: uso de inteligência artificial para atendimento, personalização e automação de marketing.

Segundo a McKinsey (2023), negócios que adotam estratégias omnichannel têm 30% mais chances de fidelizar clientes, uma vantagem competitiva especialmente relevante para pequenos negócios.


Conclusão: Estratégia antes da plataforma

Mais importante do que saber “o que é” cada tipo de e-commerce é entender “quando usar”, “como operar” e “por que escolher”. A definição do modelo deve estar alinhada à proposta de valor do negócio (Osterwalder, 2010), à estrutura de canais (Kotler, 2017) e à lógica de captura de valor (Porter, 1985).

Para pequenos empreendedores, o segredo está em começar com simplicidade, mas com clareza estratégica. Testar em marketplaces, aprender com dropshipping, validar produtos em C2C e depois evoluir para um D2C robusto pode ser uma jornada inteligente, desde que guiada por dados, foco e visão de longo prazo.


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Entre em contato conosco e descubra como podemos apoiar sua jornada no e-commerce.

Referências

  • E‑commerce fatura R$ 204,3 bilhões no Brasil em 2024. 13 jan. 2025. Disponível aqui

  • E‑commerce no Brasil 2025: dados e cenário atual. Publicado há 2 meses. Disponível aqui

  • E‑commerce brasileiro deve atingir faturamento de quase R$ 235 bilhões em 2025. 29 jan. 2025. Disponível aqui

Artigo atualizado em 2025 por Vitor Peyroton.

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